Atenção aos peçonhentos: região discute aumento de acidentes

Reunião em Apucarana reúne autoridades de 17 municípios para debater ações de combate e prevenção contra escorpiões, aranhas e serpentes

Atenção aos peçonhentos: região discute aumento de acidentes

Em uma reunião de urgência realizada na manhã desta quinta-feira (24), no Auditório Araucárias da 16ª Regional de Saúde de Apucarana, representantes das secretarias de saúde de 17 municípios do Norte do Paraná se reuniram para discutir uma crescente ameaça à saúde pública: o aumento expressivo de acidentes com animais peçonhentos, como escorpiões, serpentes, aranhas, lagartas e abelhas.

O encontro ganhou ainda mais relevância após a morte de uma criança em Cambará, na última semana, vítima de picada de escorpião amarelo – espécie considerada a mais perigosa entre os escorpiões brasileiros. A tragédia acendeu um alerta sobre a necessidade de medidas rápidas e eficazes para proteger a população.

Casos preocupam autoridades locais

De acordo com dados apresentados pelo diretor da 16ª Regional de Saúde (RS), Lucas Leugi, a região tem registrado números significativos de acidentes com escorpiões e outros animais peçonhentos em 2025. Somente entre janeiro e julho deste ano, Apucarana notificou 11 acidentes com escorpiões, 12 com aranhas e 7 com serpentes. Já Arapongas contabilizou 9 acidentes com escorpiões e Jandaia do Sul outros 10.

“Felizmente, não tivemos óbitos na nossa região, mas é fundamental que as equipes de saúde estejam capacitadas para agir com rapidez nesses casos. O tempo de resposta pode ser a diferença entre a vida e a morte, principalmente em crianças”, alertou Leugi.

Expansão da oferta de soro e novas exigências

Hoje, os soros antivenenos – como o antiescorpiônico – estão disponíveis nos municípios de Apucarana, Arapongas, Kaloré e São Pedro do Ivaí. No entanto, diante da expansão dos casos e da extensão geográfica da região, Lucas Leugi anunciou que a distribuição será ampliada.

“Vamos levar os soros para municípios mais afastados, como Grandes Rios, Borrazópolis e Faxinal. Mas, para isso, cada cidade precisa ter geladeiras científicas adequadas e profissionais treinados para o manejo do soro e atendimento das vítimas”, explicou o diretor da RS.

Segundo ele, um documento com diretrizes técnicas e operacionais está sendo elaborado e será submetido aos municípios para oficialização da adesão ao novo protocolo regional.

Escorpiões: ameaça urbana crescente

Durante a reunião, Cacilda Maria do Prado, da Seção de Vigilância Epidemiológica, alertou para o avanço da infestação de escorpiões nas áreas urbanas. “Esses animais têm encontrado condições ideais nas cidades, por causa do acúmulo de lixo, do desmatamento e da expansão urbana desorganizada. O escorpião amarelo, em especial, é o mais perigoso e tem sido o principal responsável pelos casos graves”, explicou.

Segundo ela, a gravidade do acidente depende da espécie e da quantidade de veneno injetado. A picada geralmente acontece de forma acidental, quando o animal se sente ameaçado – ele não ataca, apenas se defende. Os sintomas mais comuns são dor intensa, vermelhidão, inchaço, suor e piloereção (quando os pelos ficam arrepiados). Em crianças pequenas, os efeitos podem ser mais severos e levar a complicações sérias, como alterações cardíacas e respiratórias.

Atendimento e prevenção: o que fazer?

O soro antiescorpiônico é fornecido pelo SUS em hospitais de referência e, em alguns casos, também em Unidades Básicas de Saúde. Embora a maioria das picadas não exija o uso do antiveneno, o atendimento médico rápido é imprescindível.

A recomendação, segundo os profissionais, é que a vítima procure imediatamente um serviço de saúde. “Se possível, leve o escorpião – vivo ou morto – ou uma foto para ajudar na identificação. Isso pode ser crucial para a escolha do tratamento”, orienta Cacilda.

Dicas para prevenir acidentes com escorpiões

As autoridades reforçaram ainda a importância de ações preventivas dentro das casas e nos arredores. Confira algumas orientações que ajudam a manter os escorpiões afastados:

Como prevenir picadas de escorpião:

Dica Descrição
? Use telas Instale telas em ralos, pias e tanques para evitar a entrada dos animais.
? Vede frestas Feche espaços nas paredes, rodapés e debaixo das portas.
?️ Afaste móveis Deixe camas e berços afastados das paredes e sem contato com cortinas.
? Limpeza externa Mantenha quintais e jardins livres de entulho, folhas e lixo.
?️ Embalagem correta Empacote bem o lixo e evite atrair baratas, alimento dos escorpiões.
?️ Cuidado ao manusear Não coloque as mãos em buracos ou sob pedras e troncos.
? Equipamento de proteção Use luvas e botas em atividades de risco, como jardinagem.

Próximos passos

Ao final da reunião, os representantes dos municípios demonstraram apoio às medidas apresentadas. Nos próximos dias, será realizada uma nova rodada de discussões para firmar a adesão ao plano de regionalização do atendimento a acidentes com animais peçonhentos.

“A saúde pública precisa estar um passo à frente, especialmente quando falamos de riscos que afetam diretamente a vida das pessoas. Vamos trabalhar juntos, como região, para evitar novas tragédias”, finalizou Lucas Leugi.


Alerta permanente
O avanço dos escorpiões nas cidades é um reflexo direto de problemas urbanos, como lixo mal descartado e falta de saneamento. Para conter a ameaça, além do preparo técnico dos profissionais de saúde, é fundamental o engajamento da população. A prevenção começa dentro de casa.