Brasil debate soberania tecnológica em audiência pública sobre BRICS
Comissão da Câmara discute dependência de big techs e alternativas nacionais
A Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados realiza nesta quarta-feira (8) uma audiência pública que promete colocar em pauta um dos temas mais estratégicos para o futuro do país: a soberania tecnológica brasileira e sua relação com os países do BRICS. O evento, marcado para as 10 horas no plenário 13, surge em um momento crucial de reflexão sobre a dependência nacional de tecnologias estrangeiras.
O debate foi solicitado pelo deputado Fausto Pinato (PP-SP), que trouxe à tona números alarmantes sobre os gastos brasileiros com empresas tecnológicas internacionais. Segundo o parlamentar, entre 2014 e 2025, o Brasil destinou aproximadamente R$ 23 bilhões a contratos de softwares, serviços em nuvem e aplicações de segurança fornecidos por grandes corporações estrangeiras, as chamadas big techs.
"Precisamos discutir como reduzir essas dependências externas e fortalecer a capacidade tecnológica brasileira, em diálogo com os países do Sul Global e do BRICS", afirma Pinato, destacando que essa situação gera não apenas dependência tecnológica, mas também vulnerabilidade da infraestrutura crítica nacional.
O objetivo da audiência vai além da simples identificação do problema. Conforme explicou o deputado, a reunião busca analisar alternativas concretas para o desenvolvimento de ecossistemas tecnológicos próprios, com foco em inovação, segurança digital e soberania nacional. A iniciativa se alinha com uma tendência global de países que buscam maior autonomia em setores tecnológicos estratégicos.
O contexto do BRICS adiciona uma camada importante ao debate. O grupo, que originalmente reunia Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu-se recentemente para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, totalizando onze membros. Essa ampliação reforça o papel do bloco como foro de articulação político-diplomática de nações do Sul Global.
Entre os principais objetivos do BRICS estão o fortalecimento da cooperação econômica, política e social entre seus membros e o aumento da influência dos países do Sul Global na governança internacional. A discussão sobre soberania tecnológica se encaixa perfeitamente nessa agenda, representando uma oportunidade para o Brasil liderar iniciativas conjuntas no campo da tecnologia.
A audiência ocorre em um momento de crescente conscientização sobre a importância da autonomia tecnológica. Especialistas apontam que a dependência de soluções estrangeiras pode comprometer não apenas a segurança nacional, mas também o desenvolvimento econômico e a capacidade de inovação do país a longo prazo.
A tabela abaixo ilustra a composição atual do BRICS:
| Países Membros do BRICS |
|---|
| Brasil |
| Rússia |
| Índia |
| China |
| África do Sul |
| Arábia Saudita |
| Egito |
| Emirados Árabes Unidos |
| Etiópia |
| Indonésia |
| Irã |
O debate sobre soberania tecnológica não se limita à questão dos gastos públicos. Envolve também discussões sobre desenvolvimento de talentos locais, fomento à pesquisa e inovação, criação de marcos regulatórios adequados e estabelecimento de parcerias estratégicas que beneficiem o ecossistema tecnológico brasileiro.
A audiência pública representa um passo importante na construção de uma política tecnológica mais assertiva para o Brasil, alinhada com os interesses nacionais e com as oportunidades de cooperação oferecidas pelo BRICS. O resultado dessas discussões poderá influenciar decisões estratégicas sobre investimentos em tecnologia e inovação nos próximos anos.
Enquanto isso, setores da sociedade civil, academia e indústria tecnológica nacional acompanham com expectativa os desdobramentos do debate, na esperança de que ele possa pavimentar o caminho para um Brasil mais independente e inovador no cenário tecnológico global.
Fonte: Câmara dos Deputados



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